quinta-feira, 14 de abril de 2011

Uma harmonização não harmônica




Fui jantar com um amigo, também apreciador de vinhos, e aleatoriamente fomos parar no La Cassarole em São Paulo - SP.  Esse meu amigo tem uma particularidade: não toma vinho branco e constantemente pede peixe. Dessa vez não foi diferente. Pedimos o mesmo prato: robalo com uma crosta de amêndoas. 
Quando ele me permite que escolha o vinho, busco por um pinot noir ou um beaujolais mas neste dia ele quis um bordeaux, e então veio o Château de Lugagnac 2006, merlot e cabernet sauvignon, vermelho rubi intenso, carnudo, frutado, chão de bosque e com taninos rústicos e potencial para envelhecimento por mais alguns anos. Não é de fato uma combinação que eu sugerisse, mas serve para se analisar uma harmonização mal feita. Formada a briga dos taninos com o peixe, recorro à água para amenizar o problema. Meu amigo gosta do resultado. 
Quando falamos da importância de um bom casamento entre vinho e comida é buscando maior prazer durante a refeição. Existem as harmonizações clássicas e outras tantas variáveis, mas se tem algo incompatível é peixe com vinho tinto e tânico, sempre lembrando que quem melhor define o que é bom é você. Isso mesmo, você tem o direito de violar qualquer regra pré-estabelecida, pelo menos quando o assunto é vinho.

Sugestão de prato para este bordeaux: bisteca grelhada ao molho bordelaise de vinho tinto, cebola e tutano.

Localizado num plateau elevado perto do rio Dordogne, esse château  de aproximadamente 80 hectares vem trabalhando há séculos na produção de vinhos de forma bastante tradicional. É um vinho que merece ser apreciado pois apresenta boa complexidade, portanto não façam harmonizações desastrosas como a descrita há pouco. 

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